O que se sabe sobre operação militar anunciada pelos EUA contra narcotráfico na América Latina
Segundo Pete Hegseth, operação Lança do Sul foi ordenada por Donald Trump
REUTERS
Em mais um capítulo da ofensiva dos Estados Unidos contra o que tem chamado de "narcoterrorismo" na América Latina, o governo americano anunciou nesta quinta-feira (13/11) o lançamento de uma operação militar ordenada pelo presidente Donald Trump.
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A operação, chamada de Lança do Sul ("Southern Spear"), vai mobilizar uma força-tarefa e o Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos (Southcom) —responsável pela atuação das forças americanas na América do Sul, Central e no Caribe.
O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, anunciou a operação na rede social X (ex-Twitter), afirmando que o objetivo da ação é "remover narcoterroristas de nosso hemisfério" e "proteger nossa terra das drogas que estão matando nosso povo".
"O hemisfério ocidental é a vizinhança da América — e nós o protegeremos", argumentou o secretário, cujo cargo o governo americano vem chamando de "secretário de Guerra".
Ainda não está claro exatamente onde e como a operação vai ocorrer.
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De acordo com fontes ouvidas pela rede CBS, parceira da BBC nos Estados Unidos, membros do alto escalão do governo apresentaram a Trump, na quarta (12/11), opções para possíveis ações na Venezuela, como bombardeios em terra nos próximos dias.
Hegseth teria estado presente no encontro, assim como o general Dan Caine, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA. Entretanto, nenhuma decisão definitiva sobre o formato da operação teria sido tomada.
Segundo a CBS, as conversas resultaram no anúncio da operação Lança do Sul nesta quinta.
A tensão entre EUA e Venezuela não é de hoje: vem escalando nas últimas semanas, inclusive com especulações de uma possível ofensiva americana por terra.
Na terça (11), o maior navio de guerra do mundo, o USS Gerald R. Ford, pertencente aos EUA, chegou na zona do Comando Sul.
Enquanto isso, segundo a CNN, os EUA já realizaram 20 ataques a embarcações acusadas de participarem do tráfico de drogas, principalmente no Caribe, mas também no Oceano Pacífico.
Oitenta pessoas morreram nessas ações e duas sobreviveram.
O USS Gerald R. Ford se juntou a outros navios de guerra, a um submarino nuclear e aeronaves caças F-35 que estão operando na região nas últimas semanas.
Nos últimos dois meses, as forças americanas estão fazendo o maior destacamento militar na região do Mar do Caribe em décadas.
Trump já acusou em diversas ocasiões o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de supostamente ser um chefe do narcotráfico — o que o sul-americano nega, afirmando que os EUA "estão fabricando uma guerra" contra seu país.
Também na terça, o governo venezuelano anunciou uma mobilização militar nacional para contrabalançear a presença naval americana.
A tensão também atinge a Colômbia, cujo presidente, Gustavo Petro, Trump acusou de ser "um bandido e um cara mau".
Na terça, Petro ordenou que as forças colombianas suspendessem o compartilhamento de informações de inteligência com agências americanas até que os ataques contra barcos no Caribe cessem.
Petro escreveu no X que a luta contra as drogas "deve ser subordinada aos direitos humanos do povo caribenho".
No início de novembro, Trump minimizou as especulações de que estaria planejando derrubar o governo venezuelano ou iniciar uma guerra.
Em uma entrevista à CBS, Trump defendeu que "cada barco que você vê sendo abatido mata 25.000 pessoas ligadas às drogas e que destroem famílias em todo o nosso país".
Questionado se os EUA estavam planejando algum ataque terrestre, Trump se recusou a descartá-lo, dizendo: "Eu não diria que faria isso... Não vou dizer o que vou fazer com a Venezuela, se vou fazer ou se não vou fazer."
A situação no continente tem sido uma das fontes de preocupação abordadas pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em encontros e cúpulas internacionais.FONTE: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/11/14/o-que-se-sabe-sobre-operacao-militar-anunciada-pelos-eua-contra-narcotrafico-na-america-latina.ghtml