'Nenhuma pena validará o que estou passando', diz advogada que teve crânio afundado por ataque com paralelepípedo no ES

  • 14/11/2025
Entrevista exclusiva: advogada atingida por pedra em rodovia fala sobre ataque "Nenhuma pena validará o que estou passando". Foi assim que a advogada Michaella Zukowski Reis, de 27 anos, recebeu a notícia sobre a condenação de Gelson Aparecido dos Santos, responsável por atirar um paralelepípedo que afundou o crânio da jovem, em julho de 2023, em Vila Velha, na Grande Vitória. O agressor foi condenado a 19 anos de prisão nesta quarta-feira (12) por duas tentativas de homicídio, contra Michaella e também o pai dela, Gladston Teixeira, que dirigia o carro quando a pedra foi arremessada. A absolvição ocorreu apenas em relação ao irmão da advogada, Kevin Zukowski Reis, que estava no banco de trás do veículo. Michaella contou ainda que a visão do olho esquerdo segue comprometida, com edema ocular e visão embaçada. 📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp Michaella contou que estava dentro de um avião, chegando a São Paulo para uma consulta médica, quando recebeu a notícia da condenação de Gelson. “Na hora que recebi a notícia da condenação, o avião estava pousando. Nenhuma pena validará o que estou passando. Mas, saber que, conforme nossas leis, a pena foi considerada ‘alta’, traz a sensação de justiça sim”, disse ao g1 nesta quinta-feira (13). A condenação foi obtida pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de Vila Velha. Gelson Aparecido dos Santos foi condenado a 19 anos de prisão por jogar um paralelepípedo que atingiu a advogada Michaella Zukowski Reis, de 27 anos, na cabeça, em julho de 2023, em Vila Velha, Espírito Santo. Reprodução/TV Gazeta LEIA TAMBÉM: FOI PRESO: Homem que matou namorada a facadas na frente dos filhos se escondeu na mata por três dias até ser preso CLUBES DE FUTEBOL: Preparador físico é preso em operação contra facção ligada ao Comando Vermelho Na sentença, a juíza Ana Amélia Bezerra Rêgo destacou que o réu tinha histórico de violência e que não há elementos técnicos suficientes para avaliar sua personalidade. A magistrada determinou que a pena seja cumprida inicialmente em regime fechado. Gelson Aparecido dos Santos foi preso três dias após o ataque. Ele já respondia a processos por crimes de trânsito, estupro, desacato, roubo e porte ilegal de arma de fogo. Mais de dois anos depois de ser atingida por paralelepípedo, advogada Michaella Zukowski Reis, de 27 anos, ainda trata complicações decorrentes das cirurgias realizadas após o ataque Arquivo pessoal Complicações decorrentes de cirurgias Nas redes sociais, Michaella comentou a decisão da Justiça e contou que, no mesmo dia do julgamento, viajou a São Paulo para tratar complicações decorrentes das cirurgias realizadas após o ataque. “Tive que vir para São Paulo, novamente, pois meu corpo está rejeitando o titanium, e minha testa está abrindo novamente. Fiz uma cirurgia há 30 dias, porém, sem sucesso. E em poucos dias, começou a afundar novamente. Passei por médicos em Vitória, porém, não souberam explicar realmente o motivo e não têm experiência com um caso parecido”, relatou. Raio-x mostra crânio de advogada atingida por paralelepípedo no ES A advogada será atendida por uma equipe especializada em cirurgias craniofaciais e neurocirurgias em hospital referência em casos complexos. "Já tive consultas de formas on-line com eles, e eles falaram que vamos precisar de mais cirurgias. Estou tendo uma rejeição com uma fístula. Hoje [quinta-feira, 13], passarei em consulta presencial, pois me pediram para vir com urgência, pois há riscos conforme o laudo médico de meningite". Michaella contou ainda que a visão do olho esquerdo segue comprometida, com edema ocular e visão embaçada. No ano passado, ela chegou a buscar um tratamento nos Estados Unidos. "O que me preocupa agora são os custos disso tudo. Estou tendo que custear tudo! Claro, minha saúde em primeiro lugar. Mas fico ansiosa com isso. Não imaginaria que depois de dois anos, estaria passando por tudo isso de novo", lamentou a advogada. Exames apontaram afundamento de crânio em advogada atingida por paralelepípedo dentro de carro em rodovia do ES. Reprodução/Arquivo pessoal Relembre o caso O ataque aconteceu em 8 de julho de 2023, quando Michaella Zukowski seguia de carro com o pai e o irmão em direção ao Aeroporto de Vitória. Ela estava no banco do carona quando foi atingida na cabeça por um paralelepípedo jogado contra o veículo na Rodovia do Sol, em Vila Velha. A jovem sofreu fraturas no crânio e no rosto, que precisaram ser reconstruídas com placas de titânio. Desde então, já passou por seis cirurgias. Michaella é diretora de marketing em uma marmoraria. Ela retomou parte das atividades oito meses depois do acidente. Era também a advogada quem gravava vídeos institucionais da empresa antes do acidente. Carro onde estava advogada Michaella Zukowski Reis, de 25 anos, atingida por paralelepípedo em rodovia do ES. Reprodução/TV Gazeta Gelson Aparecido dos Santos foi preso três dias após o ataque. À polícia, ele confessou o crime e disse que decidiu jogar a pedra depois que o motorista do carro buzinou, alegando estar sob efeito de álcool e drogas. O homem teve a prisão preventiva decretada pela 2ª Vara Criminal de Vila Velha por ter destruído a tornozeleira eletrônica que usava. Relembre o caso: 8 de julho de 2023 Por volta das 5h da manhã, a advogada Michaella Zukowski saiu de Guarapari, de carro, com o pai e o irmão. Eles estavam a caminho do Aeroporto de Vitória onde embarcariam para Minas Gerais para o velório do avô. Quando passavam pela Rodovia do Sol, em Vila Velha, na Grande Vitória, foram surpreendidos por um homem que atirou um paralelepípedo, um bloco de concreto usado em calçamentos, contra o carro. Michaella estava sentada no banco do carona. Segundo a advogada, depois de passar por três hospitais, o primeiro atendimento médico aconteceu cerca de 16 horas depois do ataque. A cirurgia para fechar o ferimento aconteceu somente às 23h. 11 de julho de 2023 Gelson Aparecido dos Santos foi preso. Foi ele quem atacou o carro da família. Aos policiais, o homem confessou o feito e disse à polícia que andava em zigue-zague pela pista quando o pai de Michaella buzinou. Nesse momento, ele decidiu jogar a pedra e alegou que estava sob efeito de álcool e drogas. Após ser detido, o homem teve a prisão preventiva decretada pela Segunda Vara Criminal de Vila Velha, por destruir a tornozeleira eletrônica que usava. O homem usava o equipamento a mando da Justiça em consequência de ações penais que ele responde por crimes como de trânsito, estupro, desacato, roubo e porte ilegal de arma de fogo. De acordo com a Secretaria de Justiça, Gelson segue preso, desde o dia 11 de julho de 2023, no Centro de Detenção Provisória de Viana 2, na Região Metropolitana de Vitória. 14 de julho de 2023 Michaella fez uma cirurgia de reconstrução facial. O procedimento durou oito horas. "Eu tenho uma cicatriz de orelha a orelha. Ele tirou o meu rosto até metade, mais ou menos, para fazer toda a reconstrução com placas de titânio, tipo parafusinhos. Tive que reconstruir todo o meu nariz. Meu nariz é todo de titânio e minha testa e minha órbita ocular também. Eu perdi a órbita", disse Michaella. Um ano após sofrer um ataque com um paralelepípedo que provocou um afundamento de crânio, a advogada Michaella Zukowski, de 26 anos, corre o risco de perder a visão. Espírito Santo Arquivo pessoal 13 de setembro de 2023 Terceira cirurgia de reconstrução facial. 18 de outubro de 2023 Quarta cirurgia de reconstrução facial. 11 de dezembro de 2023 Quinta cirurgia de reconstrução facial. Janeiro de 2024 Michaella começou a perceber algo diferente em sua visão. "Como o olho esquerdo ficou muito inchado por causa das cirurgias, pensei que fosse isso. Quando o inchaço melhorou, a visão seguiu estranha, meio torta, embaçada. Procurei um oftalmologista, que pediu alguns exames, e veio o resultado. Eu perdi a visão inferior e a lateral do olho esquerdo, e a parte central é a que está com edema", contou. Na época, Michaella disse que a médica apontou que ela precisava de injeções oculares para controlar o problema, pedido que foi negado três vezes pelo plano de saúde e não foi respondido ainda pela Justiça. Cada injeção custa cerca de R$ 6 mil e não é possível saber quantas ela precisaria. 1° de março de 2024 A Justiça tornou o homem réu no processo por tentativa de homicídio, e, no mesmo dia, a juíza Ana Amelia Bezerra Rego, da 4ª Vara Criminal de Vila Velha, negou um pedido da defesa de liberdade provisória a Gelson. 12 de julho de 2024 Michaella foi para os Estados Unidos buscar um tratamento especializado para um edema ocular. A opção de tratamento com a aplicação de injeções na membrana ocular foi negada pelo plano de saúde. Para ajudar com os custos da viagem, uma "vaquinha" foi feita e mais de R$ 115 mil foram arrecadados. Na época, ela não sabia qual seria o custo da viagem. Advogada durante tratamento feito nos EUA Acervo pessoal 31 de outubro de 2024 Volta dos Estados Unidos. De acordo com a advogada, os médicos nos Estados Unidos pediram para ela refazer todos os exames e retornar à clínica americana em seis meses, além de ficar atenta ao surgimento de novos sinais. “O edema pode crescer ainda mais. Eles pediram para eu ficar sempre atenta a sinais diferentes dos habituais, e se sentir alguma coisa comunicá-los imediatamente”. 15 de dezembro de 2024 Publicação do vídeo nas redes sociais falando sobre o diagnóstico de perda definitiva da visão do olho esquerdo. “Fica tudo torto e embaçado, como se fosse um C invertido. As laterais e a parte inferior são pretas. Já não enxergava desde o acidente. A visão central era a que me restava, mas está com o edema. Sou considerada hoje uma pessoa monocular, pois a deformidade que o edema causa na visão central, não deixa eu fazer os afazeres do dia a dia, como ler, dirigir. Só tenho o olho direito bom agora”, contou. Outubro de 2025 Michaella relatou que seu corpo passou a rejeitar o titânio implantado no crânio, fazendo com que a testa voltasse a abrir e afundamento da prótese. 12 de novembro de 2025 Gelson Aparecido dos Santos foi condenado a 19 anos de prisão por duas tentativas de homicídio contra Michaella Zukowski Reis e o pai dela. Ele foi absolvido em relação ao irmão da advogada. Ao receber a notícia enquanto o avião pousava em São Paulo, Michaella disse que “nenhuma pena validará o que estou passando”, mas reconheceu que a condenação considerada “alta” dentro da lei trouxe sensação de justiça. No mesmo período do julgamento, Michaella viajou a São Paulo para ser atendida por uma equipe especializada em cirurgias craniofaciais e neurocirurgias. Ela afirmou que os médicos pediram urgência devido ao risco identificado em laudo, e que passaria por consulta presencial para reavaliar as complicações que surgiram após as cirurgias feitas no último ano. Carro de família foi atingido por pedra em rodovia do ES e advogada ficou gravemente ferida. Reprodução/ TV Gazeta VÍDEOS: tudo sobre o Espírito Santo Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo

FONTE: https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/2025/11/14/nenhuma-pena-validara-o-que-estou-passando-diz-advogada-que-teve-cranio-afundado-por-ataque-com-paralelepipedo-no-es.ghtml


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