Ministério Público opina por manutenção de interdição de postos investigados por suspeita de ligação com o PCC no Piauí
19/12/2025
(Foto: Reprodução) MPPI opina pela manutenção do fechamento dos 49 postos
O Ministério Público do Estado do Piauí (MP-PI) opinou a manutenção da interdição dos postos de combustíveis fechados durante a Operação Carbono Oculto 86, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro de R$ 5 bilhões ligado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
O posicionamento ocorre após empresários proprietários das redes de postos solicitarem a retomada das atividades. O caso segue agora para decisão da Justiça.
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Segundo o MP, a reabertura dos postos pode representa risco de comercialização de combustível adulterado. A procuradora-geral de Justiça, Cláudia Seabra, informou que será solicitada a prorrogação do prazo para conclusão da investigação, devido à grande quantidade de material apreendido que está sendo periciado.
"O material apreendido é absolutamente robusto, que consubstancia uma atuação firme do Ministério Público. Nós estamos trabalhando diuturnamente, é um grupo de trabalho especializado, juntamente com a polícia. Nós vamos pedir a prorrogação do inquérito, mas já apresentando o que nós apuramos. Há uma denúncia já formulada pelo MP em relação a adulteração de combustíveis, envolvendo alguns desses atores", declarou a procuradora-geral.
Cláudia Seabra não descartou a possibilidade da deflagração de outras operações sobre o assunto.
Operação Carbono Oculto 86
A Operação Carbono Oculto 86 foi deflagrada em cinco de novembro de 2025. Na ação, 49 postos de combustíveis foram interditados em cidades do Piauí, Maranhão e Tocantins.
A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro de R$ 5 bilhões ligado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo a Polícia Civil, um grupo supostamente usava postos, empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para lavar dinheiro e ocultar patrimônio.
Como funcionava o esquema?
A investigação revelou que o PCC atuava na importação irregular de produtos da cadeia de combustíveis no Piauí, Maranhão e Tocantins. As irregularidades foram identificadas em diversas etapas do processo de produção e distribuição de gasolina e etanol.
A suspeita é que o modo de atuação seja semelhante ao descoberto na Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto.
Para dificultar a identificação dos reais beneficiários, os suspeitos usaram nomes de laranjas, constituíram fundos e usaram fintechs para movimentações financeiras ilícitas, mesmo modo de operação verificado na outra operação.
O PCC estava construindo uma distribuidora de combustível na rodovia que liga a capital Teresina ao município de Altos para abastecer outros estados, segundo a investigação. O imóvel foi interditado.
Quem são os alvos
O empresário Haran Santhiago e outros cinco investigados — Danillo Coelho de Sousa, Moisés Eduardo Soares Pereira, Salatiel Soido de Araújo, Denis Alexandre Jotesso Villani e João Revoredo Mendes Cabral Filho — foram alvos de medidas cautelares.
A Justiça determinou que eles compareçam ao tribunal sempre que forem intimados. Eles estão proibidos de sair de Teresina e mudar de endereço e se comunicar com os demais investigados
A investigação teve início após a venda da rede HD, que possui dezenas de postos no Piauí, Maranhão e Tocantins, em dezembro de 2023. A polícia descobriu que a rede foi vendida à Pima Energia e Participações, que havia sido criada apenas seis dias antes da operação.
Onde estão os postos
De acordo com a SSP, os policiais estão em campo para interditar os postos localizados nas seguintes cidades:
Piauí: Teresina, Lagoa do Piauí, Demerval Lobão, Miguel Leão, Altos, Picos, Canto do Buriti, Dom Inocêncio, Uruçuí, Parnaíba e São João da Fronteira;
Maranhão: Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras;
Tocantins: São Miguel do Tocantins.
Informações levantadas pelos investigadores indicaram ainda inconsistências patrimoniais e alterações societárias suspeitas.
A investigação identificou ainda remessa de mais de R$ 700 mil de um dos suspeitos para uma empresa citada na operação Carbono Oculto por ligação com o esquema do PCC.
Ainda segundo a investigação, há indícios de fraude fiscal e de emissão de notas fiscais frias pelo grupo, além do uso de fundos e holdings para ocultar recursos.
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Reprodução/TV Globo
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